sexta-feira, 30 de março de 2012

Uma vida de botequim

De longe descansa, quem as notas dessa canção não alcança. Onde a insônia é a única companheira nas madrugadas arredias. E a brisa traz os devaneios, que por ora, esquecidos. O café tem que ser amargo, que é pra curar as feridas da alma. E pela casa, eu jogo sal grosso, abro as portas e espero pela sorte. A fé já não me alça, e na loucura, eu viro santa. Cadê o meu samba? Delírios de quem um dia já pensou em compor na vida de um outro alguém. E os laços já desfeitos se vão com o tempo, e os amigos do peito caem na malandragem e, eu que outrora fui chamada de saudade. A melancolia envaidece a minha poesia e rima com a contramão da vida. Desculpas de um bem me quer, esse talvez nem me queira sua mulher, as marcas de batom vermelho sangue e o cheiro exalador de um perfume de quinta e em seus lábios a mordida de uma vadia e nas suas costas as unhas que me dizem que na rua és bem mais feliz. Eu que pensei que amar fosse mais fácil, hoje eu só quero bailar na minha dor e em um outro verso destilar o meu ímpeto em sofrer e a complacência de me doar para mim mesma, um pouco de afeto, quiçá uma dose de paz. E o cigarro, que desapareceu nas cinzas da vida, assim como as lembranças, assim também como a minha memória viva, que faço questão de deixa-lá submergida em um botequim. E os lençóis sujos de sangue, faço de cortina, obra viva de quem já sofreu um bocado nessa vida.

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